quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Zé Perdigão lança novo trabalho



Há seis o Fórum Cultural de Idanha-a-Nova abria as suas portas com um projeto simples, mas ao mesmo tempo sofisticado. A recuperação de um antigo lagar, na rua de S. Pedro, deu origem a um pequeno auditório onde ao longo destes anos têm passado os mais diversos artistas e grupos. O local alberga, ainda, exposição de arte sacra, onde as valiosíssimas peças do concelho raiano por ali vão sendo mostradas, rodando as freguesias para que todo o espólio possa vir a ser apreciado. Para além disso, podem ali ser apreciadas outras exposições de arte popular.
A comemoração do aniversário do sexto aniversário teve honras de um espetáculo com Zé Perdigão que ali apresentou o seu mais recente trabalho "Sons Ibéricos". Um trabalho, agora em português e lá mais para a frente em castelhano. Um trabalho que conta, também, com a participação das Adufeiras de Idanha-a-Nova. Como convidado especial esteve presente em Idanha-a-Nova o mítico José Cid, como produtor deste trabalho e responsável pelo lançamento do cantor para a ribalta.
"Sons ibéricos é um disco que foi preparado ao longo destes últimos cinco anos. Procurámos saber e perceber qual é o som ibérico e aquilo que se poderia cruzar entre Portugal e Espanha, deste povo milenar, desta jangada de pedra que não pertence nem à Europa do norte, nem à África. Fomos à procura das sonoridades de raiz tradicional e mesclamos a guitarra portuguesa com a guitarra flamenco", afirma ao Reconquista, Zé Perdigão.
Foram selecionados 30 temas e destes escolhidos 14 que compõem o trabalho e que para Zé Perdigão são uma simbiose perfeita de ‘sons ibéricos'.
A ideia da integração das adufeiras surge quando decidem integrar no disco dois temas da Beira Baixa, nomeadamente "Senhora do Almortão", conhecido por todo o mundo e "Milho Verde", que serve, igualmente, de homenagem a Zeca Afonso e a todos os outros que a cantaram.
Zé Perdigão recorda o início da sua carreira e a volta que a vida deu ao contar com o apoio de José Cid. "A partir daí deixei de ser um simples artista local e passei a ter uma projeção nacional e agora também internacional, porque ‘Sons ibéricos' vai ter uma edição em castelhano, num disco que contempla alguns dos temas que estão no trabalho em português e outros inéditos, com poemas de Pablo Neruda, Gabriela Mistral e, por exemplo, numa roupagem nova de um tema de Luís Represas, "Feiticeira". Este disco torna-se assim internacional e vai ser transportado para a América do Sul, nomeadamente para o Chile, Argentina e Uruguai, onde vai ser comercializado", revela. Como suporte musical, Zé Perdigão utiliza instrumentos tradicionais e a presença das Adufeiras de Idanha dão um outro colorido e um outro suporte aos seus espetáculos. 
Mas, fundamental é também a palavra e as letras escolhidas. "É sempre uma grande preocupação e temos muito cuidado na seleção das letras. Cantar os nossos poetas e cantar poetas ibéricos, como Frederico Garcia Lorca, cantar em português um musical que é célebre e está celebrado eternamente na memória de todos «Arranjuez», de Joaquim Rodrigo, é uma simbiose perfeita que se atinge, conseguindo chegar aí com todo cuidado possível", afirma. 
Outros grandes poetas estão contemplados neste álbum, como Teixeira de Pascoaes ou Pedro Homem de Mello, ou outros mais contemporâneos, como José Cid ou Joana de Oliveira.
A terminar, Zé Perdigão, destaca que todo o álbum é "orgânico", ou seja, para além dos instrumentos tradicionais, o álbum é gravado em analógico. "Desta forma passa a pureza, a verdade das coisas e o som também é muito mais quente, é muito mais nosso e é um som diferente do digital. Desta forma, todos os ruídos ficam registados. Para mim é muito mais agradável gravar em analógico, porque aquilo que se ouve é puro, é aquilo que se vê em palco. Costumam dizer-me que o concerto ao vivo é muito melhor do que o que escutam no disco e eu fico feliz por isso", conclui.
O Fórum Cultural de Idanha-a-Nova assinalou seis anos com um espetáculo de peso. Mais um que se junta aos cerca de 70 que ali se realizaram desde o seu início e que forma vistos por quase 26 mil pessoas.

Fonte : Reconquista

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