sábado, 1 de outubro de 2011

Japoneses afectados pelo terramoto e pelo desastre nuclear poderão instalar-se no concelho de Idanha-a-Nova.


Agricultores japoneses, da zona de Fukushima (afectada pelo terramoto e pelo desastre nuclear) poderão instalar-se no concelho de Idanha-a-Nova. O projecto Fukushima-Go au Portugal, desenvolvido pela associação Cahrity Association está a dar os primeiros passos e em estudo está também a possibilidade daquele concelho poder receber estudantes, órfãos, nas suas escolas.

Para já a associação fez a sua inscrição na incubadora de base rural que a Câmara de Idanha-a-Nova está a implementar. Na última semana, os promotores da iniciativa foram recebidos pelo vice-presidente da Câmara de Idanha, Armindo Jacinto, e puderam ver os terrenos agrícolas disponíveis.

A comitiva liderada pela arquitecta Hiroko Kageyama, integrou ainda um especialista do sector agrícola (Katsuyoshi Hashimoto), o proprietário de uma quinta de agricultura biológica (Ronaldo Oya) e um conceituado chefe de cozinha japonesa (Hisayuki Takeuchi).

O projecto prevê a instalação de seis agricultores japoneses (ou três famílias) e a exploração de cerca de 10 hectares de terreno. O objectivo passa pela produção biológica de produtos da terra, os quais se destinarão aos mercados de alta cozinha japonesa e às superfícies que comercializam agricultura biológica. Outra das apostas passa pela criação da marca de produtos culinários «Fukushima-go/Naturtejo».

Mas o projecto vai mais longe. O próprio Geopark Naturtejo sairá beneficiado através da promoção de turismo de natureza de qualidade, tendo em conta o gosto dos japoneses.

Outra possibilidade é a vinda de alunos, órfãos, para o concelho de Idanha-a-Nova, de forma a que aqui prossigam os seus estudos, não só os regulares como os superiores, já que a Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Castelo Branco está sedeada em Idanha-a-Nova. Contudo, esta é apenas uma hipótese que está a ser estudada.

Armindo Jacinto, vice-presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, mostra-se empenhado em concluir este projecto que além de solidário é também uma mais valia para o concelho de Idanha-a-Nova e para o próprio Geopark Naturtejo. "O nosso objectivo é criarmos um canal de conhecimento do nosso território, na produção de produtos biológicos para exportação e para consumo nacional. Nesse sentido fomos visitados por um grupo de responsáveis do movimento. Fizeram a sua inscrição na nossa incubadora de base rural e tiveram a possibilidade de visitar os espaços disponíveis", explica.

O vice-presidente da autarquia idanhense recorda que esta possibilidade partiu de contactos realizados "com um grupo de pessoas ligadas ao Japão, as quais criaram um movimento solidário com chefes de cozinha franceses. Um movimento que envolve gente de vários países como os Estados Unidos. Estes chefes e os seus restaurantes têm feito um conjunto de acções solidárias para recolher fundos para apoiar órfãos e a actividade agrícola no norte do Japão".

Armindo Jacinto, que em breve se deslocará ao Japão para apresentar o projecto, sublinha a componente solidariedade. "Surgiu a hipótese de colaborarmos com uma acção de solidariedade mundial, através da produção de produtos regionais de qualidade e do turismo de natureza. Com esta colaboração vai ser também possível promovermos os nossos produtos e o nosso território", diz.

O autarca mostra-se também sensível às questões humanitárias: "muitas vezes, fruto da sociedade de consumo em que vivemos, esquecemo-nos das questões sociais e da sua dimensão. O que sucedeu no norte de Japão, com o terramoto e o acidente da central nuclear, foi catastrófico. Os agricultores ficaram sem terras para cultivar, muitas crianças e jovens ficaram órfãos surgindo uma situação social muito complicada, e nós estamos empenhados em apoiá-los".

De referir que a associação Charity é suportada pelas instituições Culinary Messengers, Carrefour de l'Art de Vivren e Chefs Help Japan, entre outras.

Sem comentários:

Enviar um comentário