sexta-feira, 16 de setembro de 2011

População limpa cemitério antigo



Mais de cinquenta pessoas empenharam-se em dignificar o antigo cemitério da freguesia do Ladoeiro. Num acto de voluntariado e verdadeiro trabalho comunitário a população meteu mãos à obra, no passado dia 10 de Setembro.

Construído no final do século XIX, este cemitério foi desafectado em meados do século XX, quando se construiu o novo, que foi inaugurado em 1952.

Desde então o antigo cemitério foi votado ao abandono, tendo-se transformado numa espécie de lixeira, já que ali eram depositados os mais variados detritos e utensílios domésticos fora de uso, que se escondiam, por entre campas e sepulturas, sob o denso matagal que ali proliferou.
Tal situação há muito vinha sendo denunciada pela população, como refere fonte contactada pelo Reconquista, que considerava absolutamente inadmissível que a este local sagrado fosse dado um tratamento que em nada dignificava a memória e a comunidade do Ladoeiro.

Foi neste sentido que um grupo de cidadãos, organizado pelos ladoeirenses Maria Eugénia Lima, Joaquim Cabrita e Pedro Rego lançou um apelo à população, que de imediato e de forma verdadeiramente surpreendente aderiu à iniciativa. A população acorreu ao local, munidos de diversas ferramentas e alfaias, não só os descendentes de pessoas ali sepultadas, mas também todos aqueles que viram no gesto a vontade de conferir a dignidade necessária e exigida aquele sitio.

No decorrer do trabalho de limpeza e recolha de lixo, juntaram-se ao grupo inicial inúmeras pessoas idosas, que iam identificando os lugares onde se encontravam sepultados os seus entes queridos, os seus pais, os seus avós.
"A minha avó, foi sepultada junto daquela moita. Nunca me esqueço e ficava triste sempre que passava no local. Acho muito bem o que estão a fazer", afirmou uma idosa, enquanto desfiava nas mãos as contas de um terço que acompanhava as suas orações.

"Ali, àquele canto, está o senhor João dos Reis. Foi ele que deu o relógio para a torre da nossa Igreja e o altar da Nossa Senhora do Rosário", afirmou outra idosa, junto da campa da sua avó.
Cada um dos presentes ia identificando as lápidas funerárias da época, encontrando-se desde a mais modesta sepultura, até algumas feitas em pedra, como a do professor José Nunes, sepultado em 1941, recordado por alguns antigos alunos ali presentes.

Do local foram retiradas centenas de quilos de detritos, tendo sido raspada toda a erva, e acondicionadas algumas sepulturas das que sobreviveram à voragem dos tempos e à incúria dos homens.

No final, os presentes rezaram em memória de todos os que ali se encontram sepultados, saudaram de forma calorosa este gesto e fizeram votos para que daqui em diante se possa olhar com mais atenção para este espaço sagrado.

Esta iniciativa foi bem acolhida pelo pároco da freguesia, José António Afonso, que se prontificou a dar toda a sua colaboração, designadamente para organizar um cortejo no próximo dia de finados ao antigo cemitério.

Fonte: Jornal Reconquista

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