quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Padre Adelino: “Alma de Idanha está na Senhora do Almortão”






O pároco de Idanha-a-Nova, Adelino Lourenço, vai ser homenageado pelo município de Idanha-a-Nova, este sábado, dia 27 de outubro, no Centro Cultural Raiano, a partir das 15H30.

Esta homenagem pretende destacar os 40 anos como pároco por terras de Idanha-a-Nova, tema que serviu para a realização de um livro já há alguns anos, onde conta os pormenores da sua estadia ao longo deste tempo naquela zona do interior do país.
Mas, a festa pretende, ainda, assinalar uma outra data, a de 50 anos de sacerdócio. Quando Adelino Lourenço terminou o seu curso era muito novo e por isso esteve durante três anos como secretário do Bispo D. Agostinho Moura. Passado esse tempo foi nomeado professor do Seminário Maior, durante quatro anos e depois foi durante três anos coadjutor, em Abrantes.
"E foi no verão de 1972 que o Bispo me ligou a dizer que estava nomeado pároco de Idanha-a-Nova", refere ao Reconquista. Foi uma boa notícia. A sua ideia de padre tinha por base a lembrança do seu prior da freguesia de Escalos de Baixo, de onde é natural. "Ele era muito pobre, muito popular, muito dado ao povo, muito ativo... o típico padre de aldeia", adianta.

Adelino Lourenço esteve, nos seus primeiros dez anos de sacerdócio, longe do ideal que tinha traçado para a sua vida. Depois do telefonema, lá foi, sem hesitar e depressa percebeu que estava no seu lugar, naquilo que tinha sonhado.

"Era gente simples, recebia tudo com gratidão e entusiasmo. Com pequenos gestos, as pessoas ficavam imensamente agradecidas. Mas, estes eram os gestos que eu pensava que um padre de aldeia deveria ter", conta.
A outra faceta que encantou o pároco foi a religiosidade popular, onde encontrou, como disse, um campo intacto e muito digno, sobretudo nas tradições da Quaresma, Páscoa e de Nossa Senhora do Almortão.
Perante esta religiosidade popular assumiu uma atitude de admiração. Até porque na altura, tudo o que era popular, era para abater. "Primeiro tive uma atitude de espanto e depois de prudência. Não me queria meter, apenas observar. Tentei perceber e ajudar a que as pessoas percebessem a riqueza que tinham em mãos", lembra.
Respeitar a romaria tal como ela já era na altura, para que continuasse a ser do povo, era a principal preocupação. "Mas fui procurando ter certas cautelas e um dia pus-me a cantar no meio dos adufes, no alpendre da capela. Aí percebi que as pessoas cantavam com fé", adianta.
Adelino Lourenço esclarece que o pároco e a igreja existem para servir as comunidades. "Quando eu cheguei a Idanha-a-Nova, a Senhora do Almortão já existia", adianta.
É aqui que o sacerdote recorda que quando foi para aquela zona não levava projetos nenhuns. "Não queria impor nada, achava que devia aproveitar o que já existia, porque os projetos de cada comunidade é o povo que os faz", afirma.

Claro que teve os seus projetos, depois, mais tarde. Quanto ao resto foi viver no meio das pessoas. Os paroquianos se admiram com as homilias do seu padre, que é sempre diferente, de terras para terra. "Tenho que estar sintonizado com a vida das aldeias. Proclamo a Palavra de Deus, mas aplico-a a quem está à minha frente", concretiza.
Quanto à homenagem da autarquia e de todo o povo, Adelino Lourenço garante que não é muito o seu género, este tipo de situações. "Mas aceito e quero dizer que nem recebeu a carta ou convite que compareça. Eu gostaria de ver ali toda a gente. Porque esta não é uma homenagem só minha, é uma homenagem para toda a gente", frisa.
Cristina Mota Saraiva

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