quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Instrumentos

Por norma, era costume os ladoeirenses terem um adufe em casa.
Fomos investigar a origem deste instrumento e descobrimos que é tipicamente português.
É um pandeiro bimembranofone quadrangular. No seu interior são colocadas sementes ou pequenas soalhas a fim de enriquecer a sonoridade. Os lados do caixilho medem aproximadamente 45 centímetros. O adufe é segurado pelos polegares de ambas as mãos e pelo indicador da mão direita, deixando deste modo os outros dedos livres para percutir o instrumento.

Foi introduzido pelos árabes na península Ibérica entre os séculos VIII e XII. Hoje, encontra-se essencialmente concentrado no centro-leste de Portugal (distrito de Castelo Branco), onde é executado exclusivamente por mulheres, acompanhando o canto sobretudo por ocasião das festas e romarias.

Na tradição oral, nomeadamente nos versos de algumas canções que são acompanhadas pelo adufe, é referida a madeira do instrumento como sendo de "pau de laranjeira". Esta referência, de certo simbólica pela ligação entre a flor de laranjeira e o matrimónio, é reforçada por outra particularidade da construção do instrumento que refere ser a pele de uma das membranas de um animal macho e a outra de um animal fêmea. Dizem as tocadoras de adufe que a razão de ser desta diversidade se traduz na harmonia do instrumento e na maneira como ele soa. Este testemunho dá pistas para a iconografia mágica ligada ao instrumento, à sua construção e mesmo à sua utilização, que tradicionalmente era reservada a executantes femininos. Também a sua forma quadrada, ao tornar mais difícil a manutenção da pele esticada, levanta questões sobre o carácter simbólico do instrumento e acentua a sua particularidade face ao "bendir" árabe ou ao "bodrum" seu congénere céltico.

3 comentários:

  1. Que bonitos são, os nossos pandeiros...

    ResponderEliminar
  2. Permitam-me que felicite a vossa iniciativa. É com muito gosto que vejo coisas sobre a nossa terra. De facto, Ladoeiro é uma aldeia muito interessante, sob diferentes pontos de vista, e o vosso não deixará, por certo, de enriquecê-la.

    ResponderEliminar
  3. Obrigado Pedro, pelas tuas palavras.
    Ja conheçemos o bom trabalho feito por ti, através do museu do Burro.

    ResponderEliminar