A melancia tem muito mais do que polpa e casca. No Ladoeiro o fruto do Verão aparece em forma de doce, sumo, caipirinha e até gelado. Estes foram alguns dos sabores à prova no Festival da Melancia do Ladoeiro, que a freguesia do concelho de Idanha-a-Nova organizou no último fim-de-semana.
Mas por mais imaginação que haja para aproveitar o fruto, a inovação só é possível com uma boa melancia. E disso sabe João Gregório, produtor há mais de 30 anos e um dos agricultores com banca na feira. Orgulhoso da cultura e da aldeia onde vive, João Gregório diz que não há melancia como a do Ladoeiro, cuja receita do sucesso assenta, segundo diz, “na boa terra, boa água e estrume”.
A sementeira começa em Abril e a chegada da festa de S. João é sinal de que está pronta a consumir. Este ano não faltou água, mas houve receio quanto à produção.
“Ao princípio esteve mau, invernou até tarde. Agora está bom, tem estado quente e esta melancia quer é calor”, diz João Gregório, que este ano colheu cerca de 30 toneladas de melancia, que vende directamente ao consumidor nas freguesias em redor. Esta é uma pequena parte da produção do concelho.
“Penso que este ano vamos produzir perto de duas mil toneladas de melancia, mas poderá ser superado se a parte comercial acompanhar”, assegura Álvaro Rocha, o presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
O fruto tem sido visto nos últimos anos como uma oportunidade para desenvolver a agricultura, algo que a autarquia está a tentar fazer com o apoio dado à constituição da Hortas de Idanha. A empresa da qual a câmara detém 40 por cento reúne cerca de 30 agricultores, mas segundo Álvaro Rocha já está a enviar melancia para diversos pontos do país.
Do doce à caipirinha
A melancia é por si só um fruto doce, mas também há doce que é de melancia. O produto não é novo, mas foi comercializado pela primeira vez pela Junta de Freguesia do Ladoeiro. Na banca havia duas variedades: uma de cor vermelha e outra de cor branca, que despertava mais curiosidade. A primeira é confeccionada com a polpa, a segunda variedade tem como ingrediente a parte branca da casca.
“O vermelho é um doce tradicional, com açúcar e pau de canela. A outra já leva mais condimentos porque não tem doce”, explica Conceição Quarenta, atrás da banca da Junta do Ladoeiro.
Ali bem perto um grupo de quatro amigos do Ladoeiro propõe algo mais fresco: caipirinhas e gelados de melancia. Orgulhoso do fruto da terra, David Ribeiro conta que nas idas a Lisboa “o Ladoeiro já é conhecido como a capital da melancia”.
A caipirinha da dita é feita com o sumo, vodka, limão e açúcar amarelo. A melancia em forma de gelado foi vendida em duas variantes: uma com miolo de melancia triturada e outra com adição de leite condensado e ripas de chocolate. Para quem não provou fica o consolo de saber que para o ano há mais.
Mais pesada com quase 20 quilos
António Milheiro foi o vencedor do título da melancia mais pesada do festival. Na terra deste agricultor do Ladoeiro nasceu um fruto com 19,9 quilos. A eleição da melancia mais pesada é uma das várias actividades do Festival da Melancia, que este ano não teve concurso de escultura, devido à desistência de alguns dos participantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário