Mário Filipe, mais conhecido entre nós por Mário Furriel, é uma figura conhecida de todos nós. Ele é o coveiro cá da nossa terra.
Um destes dias, entrava eu num dos nossos coceituados estabelecimentos comerciais existentes na nossa aldeia (o Café Regresso, mais conhecido pelo "Júlio") quando, me deparei com o Mário Furriel encostado ao balcão, a tomar a sua taçinha de tinto que ele não dispensa. Aproveitei e iniciei uma pequena conversa com ele, a fim de saber um pouco da sua história como coveiro. Disponibilizou-se de imediato para me contar a historia. Afinal era para publicar no nosso conceituado Blog.
E contava-me ele, "Em 1990, andava eu a dar serventia aos pedreiros, quano o Sr. Carlos Gaio me pediu os documentos. Ele disse que era para tratar de um assunto...".
Foi assim que o Mário nos começa por contar como chegou á profissão que exerce hoje.
E continua: " ...depois disse que me queria a trabalhar para a junta como servente. Aceitei o trabalho, afinal era um trabalho igual ao que tinha. Comecei por limpar as folhas que caiam das árvores e varria as ruas do Ladoeiro...". Mário pensa um pouco e lá vai dizendo " cheguei a chorar por causa de duas árvores, a que estava em frente ao armazém do falecido Ti João Palhagana e, a que estava no largo, junto à fonte pequena. Limpava as folhas, mas pouco tempo depois tinha que lá voltar para limpar novamente. Parecia que estava sempre tudo sujo."
Algum tempo depois e sem nunca tal lhe passar pela cabeça, é-lhe proposto o lugar de Coveiro.
Mário, ainda se lembra omo se fosse hoje, do primeiro cadáver que enterrou, " O primeiro morto que enterrei, foi o Sr. Carlos Gaio ". Diz tambem que, nunca se assustou com nada lá no cemitério.
Hoje e após 19 longos anos a enterrar cadáveres, Mário não se limita a abrir covas para sepultar os cadáveres mas tabém, vai fazendo umas pequenas reparações nas campas lá existentes.
O Mário pareeu-me bastante feliz com a profissão que tem e, diz que quer continuar a ser ele a dar a última morada aos falecidos.
Discreto, posta-se um tanto isolado
Da parentela que pranteia o falecido;
Contempla seu trabalho, recém concluído,
Esperando o momento de ser inaugurado.
Das vezes que já fez isto perdeu a conta,
Respeita a dor que em cada alma se cala...
Mede, mentalmente, as dimensões da vala
Que abriu com o enxadão e a pá-de-ponta.
E na fúnebre atmosfera, em dor envolta,
Cabe a ele romper a apatia que perdura,
Ajudar a descer o caixão à sepultura
E cobri-lo, em silêncio, com terra solta.
É conhecido simplesmente por coveiro,
O artesão silencioso do leito derradeiro
Que a fantasia humana veste de mistérios...
Pontual em seu trabalho, jamais se atrasa.
Sua função é abrir no chão a cova rasa
Para aumentar a população dos cemitérios...
Autor: Agenor Martinho Correa
"História e Poesias".
Rui Alves
espero não ser tão cedo que eu dê trabalho ao mario....
ResponderEliminaro homem das taças de vinhasca...
bom homem...